quinta-feira, abril 26, 2007

Investigação sobre a Avaliação: apresentação das conclusões no Conselho Pedagógico

No passado dia 17 de Abril, as docentes Sofia Canha Sousa e Fátima Freitas, em consequência do trabalho no Fazer +, participaram no Conselho Pedagógico da Escola Básica e Secundária da Calheta, no intuito de debater, partilhar e apresentar algumas ideias e conhecimentos relativos à avaliação dos alunos, em resultado da investigação na acção que as docentes têm vindo a realizar.

Começaram por definir conceitos subjacentes à avaliação como critérios, parâmetros, domínios, participação, avaliação, classificação, entre outros. A imprecisão conceptual tem levado a alguns desentendimentos e imprecisões que se considerou oportuno esclarecer.

Seguidamente, a professora Fátima ilustrou, com alguns exemplos de incoerência, injustiça e pouco rigor, o modo como muitas vezes se processa a avaliação nas nossas escolas. Sugeriu, por isso, que as práticas avaliativas fossem alteradas e dinamizadas, para que, de facto, os alunos se empenhem e obtenham mais sucesso, não bastando, porém, que se altere os instrumentos de classificação final e de avaliação sumativa.

A avaliação formativa não é o processo de avaliação mais comum, por isso é necessário que os docentes adquiram conhecimentos nessa área e queiram mudar. A professora Sofia deu a fundamentação teórica e científica que sustenta a análise apresentada ao Conselho Pedagógico sobre esta matéria. Não obstante, não foi possível evitar entre as pessoas presentes alguma discordância, que levou a uma discussão profícua e consequente.

Um dos pontos sem consenso foi a tipologia de grelhas classificativas, designadamente, os parâmetros que a devem compor, a sua uniformização por grupos disciplinares e a obrigatoriedade da sua utilização. Segundo a opinião e fundamentação das docentes do Fazer +, as grelhas de classificação final estão no âmbito da autonomia do professor, não devendo, por isso, ser impostas, quando muito sugeridas como recurso ou referencial geral. Poderá ainda haver uma discussão em grupo dos parâmetros a avaliar, mas o modo como cada professor o faz ficará ao critério de cada um de acordo com as metodologias de ensino que adopta.

A avaliação tem de estar em coerência com os métodos pedagógicos. Se tudo pudesse ser uniformizado e imposto um só caminho, nessa lógica poderia até ser imposta uma única metodologia pedagógica para os professores darem as suas aulas, o que contrariaria o tão proclamado ensino diferenciado que se pede nas turmas e nas escolas, além do «direito à autonomia técnica e científica e à liberdade de escolha dos métodos de ensino» consagrada no ECD (Artigo 5º). Se tudo pudesse ser uniformizado, poderia-se mesmo chegar ao ponto de entregar aos docentes as aulas preparadas para serem replicadas nas turmas, automaticamente, o que não passa pela cabeça de ninguém.

Ainda além destes aspectos, a adesão do docente a métodos/estratégias de avaliação e ensino, para não se resumir a um faz de conta de cumprimento processual e burocrático para satisfazer as hierarquias, deve ganhar-se pelas virtudes e sustentabilidade científica das propostas, sem esquecer o reconhecimento - pelos docentes - da sua exequibilidade prática e utilidade para a melhoria concreta do processo de ensino-aprendizagem, e não pela imposição coerciva.

Nesse sentido, o Fazer + tem uma acção de formação sobre a avaliação programada para os dias 8 e 11 de Maio próximos. Os espaços de formação, reflexão e debate ajudam a ganhar a adesão voluntária e genuína dos docentes para certas opções pedagógicas.

Ficou subjacente a vontade de todo o Conselho Pedagógico em que o projecto Fazer + continuasse o seu trabalho sobre a avaliação, nomeadamente no que toca a aspectos mais específicos e de pormenor.

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