quinta-feira, maio 28, 2009

Responsabilizar os estudantes pelo seu (des)empenho

O conhecimento tem de ser valorizado e a escola tem de ser encarada como algo sério, que implica trabalho, esforço e disciplina.
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«Testes responsabilizam as crianças», refere uma notícia da Lusa no dia em que os estudantes do 4º e 6º anos fazem provas de aferição.

Embora os testes não meçam todas as competências, «tanto especialistas de educação como pais defendem as provas de aferição como meio de preparar os estudantes para desafios mais rigorosos», na medida em que «contribuem para incutir nas crianças o sentido de responsabilidade, prepará-las para desafios futuros e melhorar o ensino

Depois do 25 de Abril de 1974 passou-se a ideia que tudo era fácil e que a escola era mais um local de entretenimento. É com bons olhos que assistimos a uma nova onda de pensamento em que a responsabilidade do sucesso esccolar não cabe apenas aos professores ou aos políticos, mas também às crianças e encarregados de educação.

«Para as crianças é bom habituarem-se a estes testes, numa perspectiva de auto-responsabilização, porque se passarem muitos anos sem serem submetidas ao rigor poderão não interiorizar essa responsabilidade», defendeu o vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, António Amaral.

O sucesso de uma pessoa, incluindo a actividade enquanto estudante, depende sobretudo de si próprio. É preciso contrariar a ideia dominante que o sucesso escolar dos estudantes depende sobretudo do docente ou dos pais, desvalorizando-se a importância decisiva da atitude dos formandos perante o trabalho escolar e das suas atitudes pessoais e valores, na escola e salas de aula.

Até certa altura pensou-se que, para o estudante ter sucesso, não precisava de empenhar-se, realizar esforço ou autodisciplinar-se. Bastaria ter um bom professor, empunhando a pedagogia certa, para cada um dos seus alunos, cativando milagrosamente para a aprendizagem quem não quer aprender e liderando de forma a resolver a indisciplina generalizada com "panhinhos quentes", como se a sala de aula fosse um laboratório (espaço utópico) à parte da realidade social e cultural.

O trabalho do docente enquanto orientador, facilitador e gestor de condições de aprendizagem, nunca pode susbtituir o trabalho e a atitude de cada estudante no processo de aprendizagem.

Enquanto a pressão e a responsabilidade do sucesso escolar de quem aprende estiver, sobretudo ou quase em exclusivo, sobre o professor, os resultados escolares não melhoram. A função do professor não é trabalhar em vez do formando ou assumir as responsabilidade de quem aprende.

Racionalidade e realismo precisam-se

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