sábado, maio 30, 2009

Onde está a vontade política para a real inclusão?

picture (c)

O que se tem feito para que existam condições de aprendizagem nas escolas e nas salas de aula, para que exista VERDADEIRA INCLUSÃO?

A inclusão que permita os alunos aprenderem. A inclusão que exija e decorra de uma atitude positiva perante o trabalho e a disciplina escolares por parte dos estudantes. A inclusão que se baseie e decorra do rigor e da qualidade, que preparem os jovens para a vida e não para a ilusão do facilitismo, do laxismo e da irresponsabilidade individual.

Os problemas sociais e emocionais dos estudantes devem ser tidos em conta nos processos disciplinares e alvo de actuação profissional. Disso não tenho dúvidas. É preciso actuar também nas causas e não apenas tratar sintomas. Contudo, não significa que os problemas de cada um sirvam de justificação ou desculpabilização da indisciplina/violência escolares ou da atitude negativa perante o trabalho escolar e aprendizagem.

A escola pública, com o laxismo vigente, exclui estudantes da formação e de uma efectiva preparação para a vida e ao acesso à mobilidade social. Prioriza-se o marcar presença na escola. A fazer o quê não é o mais importante...

Inclusão "faz de conta", daquela que se preocupa apenas em ter as crianças e jovens na escola, não importa como e em que condições, não prepara pessoas para a vida. Prepara pessoas para a ilusão, para a reprodução social e para a marginalidade.

A falta de trabalho e a ausência de disciplina por parte dos estudantes são os maiores factores de exclusão na escola. É mais fácil transferir responsabilidades pessoais para entidades exteriores.

Defendo e luto para que os estudantes tenham as melhores condições e oportunidades de aprendizagem na escola; defendo e luto para que tenham apoios (educativos, sociais e outros), mas nada de iludir as suas responsabilidades individuais no seu percurso escolar. Ter problemas não dá o direito de impedir que outros aprendam nem justifica a preguiça escolar.

Aqui cito o amigo, psicólogo e pedagogo José Augusto Fernandes (Projecto S.O.F.I.A), que diz o seguinte: «nós somos 100% o nosso património genético, 100% a educação que tivemos, mas somos, sobretudo, o que fazemos com essas duas componentes.»

Concordo que se valorize a capacidade de comando e determinação do indivíduo (a sua vontade e capacidade de decisão e de mudança) no que toca à condução da sua vida, em detrimento do determinismo genético e educacional, que é desculpabilizante e desresponsabilizante do indivíduo.

Recuso justificar a inacção e a irresponsabilidade individuais, transferindo as culpas apenas ou basicamente para a esfera social, genética ou educacional.

Estou ciente do peso das circunstâncias, mas estou cansado da cantiga do costume de culpar a sociedade, a genética e a educação por tudo o que de mal acontece aos indivíduos.

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