José Pacheco, à esquerda, e Paulo Cafôfo, coordenador do projecto Caravela.
No post anterior, Desassossegadas as consciências, demos conta do essencial da mensagem de José Pacheco. A sua conversa foi precedida ou contextualizada pela apresentação breve de dois projectos existentes no Concelho da Calheta, nas escolas Básica 1,2,3/PE Professor Francisco Barreto e Básica e Secundária da Calheta, projectos esses que têm na Escola da Ponte uma das suas referências. Percebe-se, assim, que há cada vez mais docentes, com uma consciência inquieta e crítica, pelas escolas do país, a pensar e a procurar alternativas e novas respostas.
Paulo Cafôfo, da escola organizadora do evento, apresentou o projecto Caravela, que está no segundo ano de existência - começou por ser aplicado aos alunos do 5º ano de escolaridade em 2005/2006. Deu conta das várias vertentes e iniciativas do projecto, destacando-se a filosofia do trabalho cooperativo e autónomo de alunos/professores e o estreitar de laços com os encarregados de educação, fazendo convívios/encontros na escola com os pais, alunos e professores. Falou-se do isolamento prejudicial dos professores nas salas de aula e nas escolas. É isso que procuram mudar. Envolvendo todos os intervenientes no crescimento das crianças e jovens.
Dar a oportunidade de sucesso educativo a todos os alunos, independentemente do seu ritmo e formas de aprendizagem, é o magno objectivo. Como? Proporcionando práticas e dinâmicas de trabalho baseadas na diferenciação pedagógica e no cooperative learning. Procura-se aumentar os níveis de motivação, auto-confiança, espírito crítico e autonomia nos alunos.
O docente terminou dizendo que «cabe a cada um de nós mudar os bocados de mundo que estão à nossa guarda», citando Idália Sá Chaves (Universidade de Aveiro).
O Fazer +, apresentado pelo docente Nélio Sousa, tem na escola inclusiva, de acesso ao sucesso escolar e educativo para todos, a grande referência. Conceder às crianças e jovens não só ferramentas para sobreviver (formação científica), mas também ferramentas para ser feliz (formação ou desenvolvimento pessoal) e para agir socialmente (formação na cidadania). «Os professores e a pedagogia não podem tudo mas temos de fazer a parte que nos cabe», bem como estimular os outros actores para fazerem a sua parte, porque o espaço de ensino-aprendizagem não é só determinado pelo professor. É feita investigação na acção para procurar resolver problemas concretos. Referiu que a visibilidade social pode atrapalhar os projectos, porque estimula os egos e o trabalho tende a focar-se no mostrar exterior. Daí ser e querer manter-se um tanto clandestino, apesar de contar, por exemplo, com uma página electrónica (140 visitas em quase um ano, praticamente as visitas dos membros do projecto... que não chega para quebrar a clandestinidade), sobretudo para arrumar ideias e a actividade (uma espécie de relatório online).
No final, deixou três questões:
1. A sociedade quer pessoas autónomas e capazes de pensar pela sua própria cabeça? Ou será mais fácil guiar o rebanho?
2. Quer-se democratizar o sucesso escolar? Ou será mais fácil continuar a selecção social na escola?
3. O sucesso escolar é um fantasia impossível? Ou será mais fácil concretizar utopias como ir à Lua e a Marte do que GARANTIR o sucesso escolar a todas as crianças e jovens numa comunidade?
quinta-feira, janeiro 11, 2007
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