sexta-feira, agosto 03, 2007

Satisfação profissional não é igual a felicidade pessoal

Sucesso (satisfação) profissional não é igual a felicidade pessoal. Não é o trabalho que faz as pessoas globalmente felizes e realizadas na vida. A profissão é apenas uma dimensão da vida, necessária, antes de mais, pela questão de sobrevivência. É preciso não esquecer de viver. Viver para trabalhar não faz a felicidade de ninguém, a não ser a felicidade económica dos empregadores...

Entende-se que se deve Fazer+ e melhor sem o profissional invadir a vida pessoal de cada qual. É um equilíbrio muito difícil de atingir, pelo menos de forma permamente. Mas, é preciso tê-lo sempre em vista, sobretudo quando temos uma predisposição favorável, gosto e até paixão pela actividade profissional.

Viver apaixonado pela profissão docente pode conduzir à obsessão e à invasão do tempo de vida pessoal face à natureza da actividade pedagógica, muito cativante (apaixonante e sedutora) e exigente em termos de investimento emocional e em termos de tempo. Acrescido do facto de ensinar e educar ser uma tarefa que nunca se faz tão bem quanto poderia ser - é um DESAFIO PERPÉTUO.

Não concordamos com a visão neoliberal que para ser um bom profissional e ser reconhecido mérito é preciso o trabalhador trabalhar para além do horário de trabalho e fazer mais do que os seus deveres profissionais estipulam.

Discordamos que o trabalhador tenha de sacrificar a sua vida e felicidade pessoais para ser um bom profissional. Se o fizer de forma voluntária, nada a opor. É uma opção sua. Quem opta por preencher a sua vida com a profissão e viver uma espécie de felicidade profissional está no seu direito e merece todo o respeito. Cada um encontra os seus equilíbrios e recompensas. Cada um dá sentido aos seus sacrifícios.

Há esta ideia de explorar o trabalhador convencendo-o a procurar uma espécie de felicidade laboral. Isto é, identificar e confundir felicidade pessoal com felicidade profissional. Confundir sucesso profissional com felicidade.

É uma forma de roubar tempo e espaço à vida pessoal para reverter em produtividade profissional (lucro), custando o menos possível ao empregador. É uma estratégia psicológica para roubar tempo e disponibilidade à vida pessoal do trabalhador.

“Por que é que eu volto sempre? Será mesmo preciso voltar? Estou condenado ao cabresto, arreio e castração? É isso que é a vida? Por que voltar se não quero? Volto porque é preciso? Mas será mesmo preciso? A minha vida não pode ser diferente?” (excerto de um texto de Rubem Alves no livro “Se eu pudesse viver a minha vida novamente...”, Edições ASA, 2005).

Trabalho é "só" trabalho. Não se pretende, neste projecto, fazer do trabalho o nuclear da nossa vida ou a nossa felicidade pessoal. Tão somente fazer o melhor que sabemos e podemos para nos realizarmos a esse nível (laboral, que é diferente de pessoal), por uma questão de brio, empenho, sucesso e satisfação profissional de dever cumprido.

Vamos em frente com motivação e predisposição mas sem obsessões ou paixões alheadas da realidade e da razão.

Até porque um docente precisa de estar aberto e precisa de vivenciar outras dimensões da vida, explorar outros interesses e actividades, para enriquecer a sua cultura geral, para ser um cidadão do mundo, para estar actualizado, para melhorar o trabalho pedagógico e educativo.

Photo copyright

Sem comentários: