segunda-feira, março 16, 2009

Desnudar alguns absurdos



Perante o agudizar de determinados problemas no ensino, é preciso cruzar leituras, sem cegueiras ou complexos ideológicos, com abertura e sentido crítico.

Deixamos aqui uma trilogia, que tem a sua pertinência, quer se goste quer não, embora a razão não esteja apenas de um só lado.

Os Filhos de Rousseau (Relógio d’Água, 1997) > Maria Filomena Mónica
Eduquês em Discurso Directo (2006) > Nuno Crato
A Lógica dos Burros (Publicações Europa-América, 2007) > Gabriel Mithá Ribeiro

Estes livros têm em comum serem acérrimos críticos da chamada pedagogia romântica (utópica, idealista, desligada da realidade e do contexto da sua época) e do lóbi das ciências da educação & associados. Maria Filomena Mónica, por exemplo, referiu que tinha por objectivo «contrariar as veleidades totalitárias dos pedagogos», «por pensar que aprender exige esforço».

Uma coisa é certa: se não forem moderados e cruzados com a realidade, determinados ideais utópicos, que pululam a educação portuguesa, podem conduzir ao desastre. É preciso denunciar problemas como a indisciplina endémica nas salas de aula, sem medo de ser-se acusado de reaccionário ou outra coisa qualquer.

Faz-me impressão essa ideia (pouco humilde e irrealista) de que o professor empunhando orgulhosamente a pedagogia poderia mudar o mundo a partir da sala de aula. Mentira. Por vezes, acontecem milagres, mas é a excepção e não a regra, quando um conjunto de circunstâncias se conjugam para além do docente.

Nunca devemos desistir de fazer melhor e ter algumas utopias como farol para a nossa caminhada mas, entretanto, temos de viver o dia-a-dia nas circunstâncias deste mundo. É com elas que temos de lidar.

A escola pública ao permitir (pactuar, tolerar, ignorar) a falta de condições de trabalho para alunos e docentes está a conduzir aqueles para o insucesso escolar (e até abandono) e estes para a permamente insatisfação profissional. Essa é a maior e mais grave discriminação e selectividade social que a escola pública faz. Ao não dar aos alunos as ferramentas para a vida. Cria inadaptados. Cria analfabetos funcionais. Gera marginalização social.

A Esquerda gosta de justificar o insucesso e abandono escolar apenas a montante: nas causas socio-económicas e culturais. As crianças e jovens não têm responsabilidade no seu insucesso escolar e a justificação está no contexto, é-lhes exterior. Detém-se no factor social e identifica-o como a causa dos resultados escolares e educativos. O papel do indivíduo, a sua vontade pessoal, é menosprezada.

A Direita detém-se mais nos factores da disciplina e do trabalho. Na acção do próprio indivíduo. Nos factores intrínsecos ao indivíduo. Relativiza os factores externos, como o contexto socio-cultural, no sucesso escolar e educativo da pessoa.

A disciplina e o trabalho individuais são dois factores nucleares para o sucesso escolar. São as condições base do trabalho numa escola, seja do aluno, seja dos professores. Seja escola pública ou privada. O contexto socio-cultural do indivíduo não deve relativizar esses factores. A criança resiste à disciplina e ao trabalho. Porque custa. Mas, os adultos, têm de fazer o seu papel e preparar as crianças para a realidade da vida (educar a vontade).

O caminho do facilitismo não é opção porque o mundo não é assim.

O professor orienta, apoia, cria as condições e oportunidades para que o processo de aprendizagem seja o melhor possível, mas não é o professor que tem de trabalhar em vez de quem aprende.

Todavia, hoje, é como se o aluno estivesse dispensado do trabalho, esforço, predisposição para a aprendizagem e disciplina pessoal.

A escola, a pedagogia e o docente nunca substituirão a necessidade de disciplina por parte de quem aprende, para que possa aprender mais e melhor. O trabalho intelectual exige rigor e disciplina.

Recorde-se:
Alunos do Leste europeu arrasam postura desculpabilizante
Laxismo e facilitismo estudantis significam exclusão social

Complexos de esquerda = facilistismo
Laxismo pós 25 de Abril trama Educação
Escola ideal é diferente da escola real

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