quinta-feira, junho 25, 2009

Vida fácil na escola e regras de vida para estudantes

Apesar dos alertas racionais e realistas, na forma da mais simples evidência, o FAZ DE CONTA no sistema de ensino continua na maior das descontracções... Olha-se para o lado para não termos a maçada de tomar as medidas (impopulares...) necessárias e limitamo-nos a criar ilusões.
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No livro Dumbing Down our Kids da autoria de Charles Sykes, editado nos anos 90, surge uma lista de regras que os estudantes não aprendem nas escolas. (Estas regras são muitas vezes, erradamente, atribuídas a Bill Gates.)

O mesmo autor tem outro livro em que expande essas regras que a escola do "tá-se bem" e do irrealismo deixou de ensinar aos estudantes: 50 Rules Kids Won't Learn In Schooltaking on the education system's "modern bubble-wrap mentality" of "no losing, no disappointments, no harsh reality checks," Sykes takes a hard-line but humorous approach to instilling the discipline, morals and good sense that keep kids from becoming "sulky, self-centered, spoiled brats."»)

O ensino facilitista e politicamente correcto, orientado mais para a auto-estima do estudante (amor próprio: nem estamos a falar de auto-confiança; a auto-estima é baseada em nada, não tem sustentação, enquanto a auto-confiança é baseada nalguma coisa) do que para a aprendizagem efectiva, criou uma geração de estudantes sem noção da realidade, fazendo com que falhem na vida posterior à escola.

Os jovens são vistos como sendo tão frágeis que precisam estar isolados da realidade, dos problemas, dos desafios, dos desapontamentos, das suas frustrações, das suas limitações e insuficiências. Daí que o que importa é o estudante ter um ego insuflado, esteja centrado em si próprio e se ame a si mesmo acima de tudo.

Curioso que toda a gente reconhece razão ao autor, mas não se consegue transpor tal clarividência para o concreto. As escolas estão transformadas em locais de faz de conta, de laxismo, de facilitismo, uma espécie de limbo separado da realidade, em que os jovens não assumem as suas responsabilidades enquanto estudantes nem reagem às dificuldades. Parece que o Ocidente enveredou, de uma forma geral, por educar as novas gerações nesta alienação da realidade e insuflá-los de "auto-estima" Em Portugal, o faz de conta e o laxismo atinge valores alarmantes.

Antes da recente crise dos mercados financeiros toda a gente fazia de conta que estava tudo bem e que o falso bem-estar económico e social, fruto da especulação, iria durar para sempre. Os que vaticinavam a crise foram alvo de chacota e ridicularizados. A escola no Ocidente também desvia o olhar para não ver a realidade, mas mais tarde ou mais cedo vamos ser confrontados com essa mesma realidade.

Há hoje uma cultura geral sobre a educação tão impregnada nas sociedades ocidentais (sobretudo nos professores, depois das lavagens ideológicas que sofreram na formação inicial ...) que quem diz que o rei vai nu é logo visto como louco. Há mesmo cidadãos política e ideologicamente bem de direita que defendem, na educação, as maiores balelas esquerdistas que dão corpo a muito do laxismo/facilitismo actual nas escolas públicas.

Transcrevemos então 11 dessas regras de Charles Sykes (pode ouvir entrevista ao autor), traduzidas em português:

1
A vida não é fácil, acostuma-te a isso.

2
O mundo não está preocupado com a tua auto-estima. O mundo espera que tu faças alguma coisa útil por ele ANTES de te sentires bem contigo mesmo.

3
Não ganharás 40 mil euros por ano assim que saíres da escola. Não serás vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que tenhas conseguido comprar o teu próprio carro e telefone.

4
Se achas o teu professor rude, espera até teres um Chefe. Ele não terá pena de ti.

5
Fritar hamburgers num restaurante não está abaixo da tua posição social. Os teus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam-lhe oportunidade.

6
Se fracassares, não é culpa dos teus pais. Então não lamentes os teus erros, aprende com eles.

7
Antes de nasceres, os teus pais não eram tão críticos ou chatos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as tuas contas, lavar as tuas roupas e ouvir-te dizer quanto és porreiro. Então antes de salvares o planeta para a próxima geração, querendo consertar os erros da geração dos teus pais, tenta limpar o teu próprio quarto.

8
A tua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas já não repetes o ano e tens quantas hipóteses precisares até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA com a vida real.

9
A vida não é dividida em semestres. Não terás sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados te ajudem a cumprir as tuas tarefas no fim de cada período.

10
A televisão NÃO é a vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o bar ou a discoteca para ir trabalhar.

11
Sê simpático com aqueles estudantes que os demais julgam que são uns marrões. Existe uma grande probabilidade de vires a trabalhar PARA um deles.

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