quarta-feira, setembro 12, 2007

Jornada na Bartolomeu Perestrelo

Uma equipa do Fazer + deslocou-se à Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Bartolomeu Perestrelo, no dia 12 de Setembro de 2007, para levar a cabo uma acção de formação subordinada ao tema da avaliação. Uma reflexão entre pares, que procuraram colocar conhecimento e fazer (prática) profissionais em comum.

A acção foi baseada na formação já realizada na Escola Básica e Secundária da Calheta, entre os dias 8 e 11 de Maio último, com o tema Modos e Processos de Avaliação.

Como então, a acção pretendeu dar o mote para a discussão de ideias e apontar para alternativas, tanto no âmbito do modelo dominante de escola como já em novos modelos de trabalho de ensino-aprendizagem, nomeadamente o modelo de diferenciação pedagógica, com base no trabalho cooperativo e autónomo.

A professora Fátima Freitas abordou o tema da avaliação com referência à sua prática pedagógica, um fazer profissional progressista, que coloca em prática há 20 anos.

Falou de vários conceitos de avaliação - diferenciando esta de classificação - e do modo como podemos concretizar uma avaliação formativa, que materiais (instrumentos) de recolha de informação utilizar, como avaliar qualitativa e continuamente, como classificar, com que instrumentos, entre outros aspectos.

Através da docente Sofia Canha os presentes viram a escola actual e dominante do século XXI nas características da escola do século XVII, delineada por Jean Baptiste La Salle. Depois confrontou o modelo da escola de elites com o modelo da escola de massas, constatando-se que muitas das características da escola de elites ainda se aplicam na escola actual, uma escola de massas. Por exemplo, o ensino expositivo centrado no professor, material uniforme, avaliação unilateral, pedagogia instrutiva.

A tomada de consciência, que se pretendeu provocar, poderá ser um princípio para a mudança de atitudes e actuações.

A avaliação associada aos modelos pedagógicos empregues, também tem traços de conservadorismo. Apesar de as leis consubstanciarem uma actuação avaliativa mais formativa e contínua, a maior parte das nossas práticas não materializam essas orientações. Daí que se tenha feito uma abordagem à avaliação formativa, naquilo que se fundamenta e nos princípios que a orientam.

Foram definidos vários conceitos como a visão holística e normativa de Educação e abordados os princípios e características da avaliação formativa e sumativa.

O docente Nélio Sousa fizera, no início, uma breve introdução ao tema, sublinhando aspectos como o «direito à autonomia técnica e científica e à liberdade de escolha dos métodos de ensino» por parte dos docentes. Que se solidifica com competência, sustentação das opções, com investigação: “quando um professor faz perguntas [...] e responde às mesmas apoiando-se em evidências, em factos rigorosos, em argumentos consistentes, está a investigar», como lembra Miguel Santos Guerra.

Assim, é preciso ganhar tempo para o trabalho pedagógico e para a investigação. Tempos esses que estão a ser delapidados em favor de mais carga lectiva e mais burocracia controleira e inútil, com intensificação do trabalho docente, que não contribuem para mais sucesso escolar. Falta tempo para o mais importante: o trabalho pedagógico, antes durante e depois da actividade lectiva.

Por um lado, devemos aceitar o que é complexo e não procurar simplificar o que não pode ser simplificado. Por outro lado, interessa simplificar a carga burocrática do processo de avaliação. Adicionar tarefas, formalidades, normas, procedimentos é mais fácil do que simplificar, desbloquear, flexibilizar e inovar processos.

Os métodos de ensino e a avaliação têm de estar em sintonia ou coerência. Não se pode trabalhar nas aulas de uma forma e avaliar de outra.

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