No dia 14 do corrente, os docentes Sofia Sousa e Nélio Sousa deslocaram-se à Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, a convite do Conselho da Comunidade Educativa, para um encontro de reflexão com professores sobre a aplicação de novos modelos pedagógicos.
Os docentes relataram a sua experiência resultante da aplicação, no presente ano lectivo, do modelo pedagógico do Movimento da Escola Moderna . Deu-se contas das suas linhas mestras e das cinco estruturas de trabalho na sala de aula, bem como dos aspectos positivos e negativos, sucessos e insucessos da prática ao longo do ano lectivo em curso.
Ficou claro que, a funcionar numa só disciplina e apenas num ano lectivo é difícil chegar a conclusões precisas e sustentadas.
Abordou-se ainda alguns aspectos relativos à Escola da Ponte e do Projecto SOFIA. Há uma coisa que tais projectos pedagógicos alternativos não dispensam: trabalho e esforço por parte de quem aprende.
Não são projectos românticos no sentido de fazer do aprendente um ser passivo alimentado pelo professor, que tem de fazer tudo (a carga toda em cima dos ombros): motivar, preparar, transmitir, entre outras tarefas. Não, exigem muito trabalho e disciplina individuais, base para aprendizagens significativas. O docente é o líder, o gestor, o orientador, o que cria as melhores condições possíveis para a criança ou jovem aprender.
Nestas coisas não há milagres. A pedagogia e a relação professor-aluno e aluno-aluno não operam milagres. Não quer dizer que vamos mudar o mundo a partir de determinada acção. «Não é automático», afirmou José Augusto Fernandes, mentor do Projecto SOFIA, em Maio, na Escola Básica e Secundária da Calheta. «Não somos milagreiros. Pelo menos agir sobre aqueles que ainda vamos a tempo.» Há que «desafiar as pessoas a tomar conta, a decidir sobre a sua vida.»
Um outro fazer pedagógico alternativo à pedagogia instrutiva e ao método simultâneo, que remonta ao século XVII (ensinar a todos como se fossem um só, mais adequado à escola de elites e não de massas), implica uma (exigente) mudança de cultura pessoal e profissional. Implica a mudança de paradigma, de ponto de vista (visão). É um compromisso de mudança que tem de ter por base uma antropologia, isto é, um conjunto de princípios e valores, a rocha firme sobre a qual se vai construir tudo.
Quando atrás se mencionou a necessidade de mudança ao nível pessoal, além do profissional, concordamos com José Augusto Fernandes, que afirma não ser possível fazer diferente sem ser de outra maneira. Porque o ser pessoa concretiza-se num determinado fazer.
Foi, sobretudo, este desafio de mudança que tentámos deixar aos colegas da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, a quem agradecemos a oportunidade de troca de experiências.
quinta-feira, maio 15, 2008
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